8 de março de 2013

Pastor Marcos Feliciano e o novo presidente da comissão de Direitos


Marco Feliciano

Indicado para a presidência da comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) se diz perseguido por um grupo de “meia dúzia de parlapatões”, e afirma estar sofrendo ameaças de morte. Ele refuta as acusações de homofobia e racismo, e defende sua posição contrária aos movimentos e ONGs LGBT. Marco Feliciano diz que quer conquistar apoio para que a comissão analise a reforma do Código Penal que, segundo ele, fere os direitos básicos do seres humanos.
Quais serão as suas prioridades à frente da comissão?
O meu primeiro ato, se for efetivado de fato como presidente da comissão, vai ser o levantamento de projetos que estão parados. Parece que há 320 proposições e, dessas, só 17 estão encaminhadas. Ou seja: 313 estão lá paradas. Tem projetos, requerimentos, pedidos … então eu quero levantar todo o histórico da comissão para saber o que está acontecendo. O meu segundo ato é chamar (os parlamentares) para uma presidência democrática. Pedir aos membros da mesa e a todos os deputados da comissão para que possamos juntos definir as pautas de votação. Para mostrar isonomia e para mostrar para todo mundo que não existe nenhum monstro que vai assumir a presidência da comissão. Em terceiro lugar, é trabalhar arduamente para limpar essa sujeira que fizeram com o meu nome, me chamaram de racista e homofóbico. E racismo e homofobia são crimes. Um é você achar que existe uma raça superior à outra. E o outro é você usar a violência . E eu nunca fiz uma coisa nem outra. Sou cristão, aprendi com Cristo. Fui achincalhado.
O deputado Jean Wyllys, outros parlamentares e ONGs LGBT já protestaram contra a sua indicação…
Se fosse só um protesto, tudo bem. Mas achincalhamento, xingamentos, isso é inaceitável de um homem com cargo político. Isso é, no mínimo, falta de decoro. Acusação sem causa e crime. Então, eu poderia juridicamente interpelá-los, mas este não o meu perfil, não é o meu espírito. Qualquer parlamentar que me conhece sabe que eu sou uma pessoa carismática. Sou uma pessoa de posicionamentos fortes. De minha ideologia, não abro mão. Todavia, minha ideologia não pode seguir o princípio dos outros. Então, a comissão de Direitos Humanos vai ser tratada como sempre foi, com o direito das minorias. E existem assuntos muito mais sérios no nosso país do que simplesmente ficar aí debatendo questões tão pequenas.
Por que o senhor acha que há essa reação?
Em princípio, porque represento a frente parlamentar evangélica e fui autor de alguns requerimentos, como o projeto de lei para sustar a decisão do Supremo sobre união estável de pessoas do mesmo sexo. Não por ideologia apenas, mas para poder preservar a Constituição brasileira. O que tem acontecido é que a Constituição está sendo rasgada. Artigo 226, parágrafo 13: está escrito lá que casamento civil é entre um homem e uma mulher. Então, enquanto não se faz uma PEC, enquanto não se altera a Constituição (o STF não pode decidir sobre o assunto). Eu, pessoalmente, sou guardião dela (Constituição).
O senhor já afirmou que amor entre pessoas do mesmo sexo leva ao ódio, ao crime e à rejeição?
O que eu afirmei, na verdade, foi que um estudo feito aponta que boa parte das pessoas que tem orientação sexual diferente da regra acabam sofrendo mais, acabam entrando mais em depressão. E isso cria neles um sentimento de rejeição às pessoas. Só de olhar para as outras pessoas, eles querem norteá-las. Então, afirmei isso sim em uma oportunidade, mas em momento algum citei o ódio, a ira e algumas outras coisas que dizem.
O senhor disse que está sofrendo ameaças de morte…
Ameaça de morte, sim. Entre no meu site e veja lá a petição pública que você vai ver um cidadão dizendo que eu deveria estar no céu com um tiro bem dado no meio do peito. Isso tudo pelo Twitter. Então eu sofro demais com a comunidade (da internet). Quando na verdade a comunidade é meia dúzia de parlapatões que não tem o que fazer e ficam aí o tempo todo na mídia tentando destruir pessoas.
E a acusação de racismo…
Já falei tanto sobre esta situação. Eu não sou racista. O caso foi simplesmente um texto que eu citei e, como sempre, as pessoas me interpretaram errado, e fizeram uma caveira ao meu respeito. Eu sou de matriz negra. O meu cabelo é cabelo negro e a minha família, tenho orgulho dela, saiu da pobreza. E eu não sou racista, até porque sou cristão.
O senhor escreveu 18 livros, dentre eles “Ouse sonhar”, que aparece com destaque no seu site. Do que trata a sua literatura?
Eu falo sobre possibilidades, sobre você poder nascer em uma família sem estrutura, mas você ter sonhos. E batalhar pelos sonhos sem parar para ouvir pessoas que não acreditam nisso. Eu digo neste livro que a pessoa tem que acreditar nela, porque a maior força neste mundo, que é o poder de Deus, acreditou nela e lutou por ela. Mas esse livro é a menina dos meus olhos, porque eu escrevi depois que eu perdi um filho. Mesmo que você perca aquilo que você achava que seria um sonho, Deus pode te dar outro.
O senhor é contra a revisão do Código Penal?
Sou contra. Já falei sobre a questão da descriminalização das drogas, a questão do relaxamento da pena das pessoas que praticam aborto, tudo isso eu acho que fere a vida.
O senhor vai tratar disso na comissão?
Se for possível. Se eu conseguir apoio de parlamentares que querem falar sobre este assunto. Quem sabe nós montamos uma comissão permanente para analisar a reforma de forma que não se possa ferir os direitos básicos já conquistados pelos seres humanos?
Espera uma presidência tranquila ou grupos de pressão vão atuar contra o senhor?
Os radicais vão dificultar os trabalhos. Mas se forem dificultar, vão prejudicar eles mesmos. Toda vez que forem bloquear votações, vão bloquear propostas que, ou são em benefício dos índios ou em benefício dos negros, ou em benefício de pessoas com necessidades especiais. Se eles fizerem isso, será mostrado o nível de intolerância deles. O maior dos pastores do mundo era Martin Luther King, e era um pastor pentecostal. Então, se me derem uma chance, eu vou poder apagar as histórias que estão contando sobre mim.
O GLOBO

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